Sem
dúvida a dupla de maior sucesso da MPB brasileira em todos os tempos!!
A dupla
chegou a ter uma marca registrada. Uma letra deles era imediatamente
reconhecida . Outras duplas e outros compositores passaram até a imitar esta
linguagem. A reapropriação que a dupla fazia do vocabulário, sintaxe e poesia
popular fê-los adquirir um esquisito sabor de novidade no eixo centro-sul,
chegando até a difundir palavras, a fazer novidade os cariocas e paulistas
falar como baianos, usar os termos populares da Bahia. Associa-se a este
mergulho nas raízes do povo uma utilização insólita. Por vezes, de palavras
que, inseridas no contexto popular se diluíam, se popularizavam às vezes com um
tom de leve pernosticismo que ao invés de soar mal, lembrava a forma até
engraçada de como as palavras “difíceis” caem na boca do povo.
Assim, palavras como peripécias, intelectos, imbecil,
comício, misturam-se com amor, coração, nêgo, etc. Como que rebatizando
palavras livrescas com a generosa água da voz popular. Sem dúvidas naquele
momento, surgiu uma linguagem nova no samba brasileiro, dando um hausto a um
gênero que sucumbia ante uma maré de lixo comercialesco. A grande virtude das
letras, da mensagem da dupla não foi todavia, não ser comercial mas o ser de
uma forma sadia, vender um produto de boa qualidade. Alguns dos sambas
antológicos da música brasileira foram produzidos pela dupla nesta fase, basta
citar o sempre executado Você Abusou (sucesso estrondoso no Brasil e na França,
aonde virou o hino do partido comunista francês e no Rock in Rio 2011 foi
intepretado por Stevie Wonder e acompanhado por mais de 100 mil pessoas), mas
na esteira deste samba temos Mais que Doidice, Desacato, Teimosa, Nêgo me
chamou de imbecil, Torô de Lágrimas, Terceiro Ato, Desmazelo, etc.
Na época a crítica chegou a chamá-los de salvadores do samba.
E isto se deve, não só ao suingue diabólico que a dupla implantou, com um
estilo definido de cozinha no samba, explorando muita a percussão, com o surdo
á frente, mas principalmente as suas letras, a comunicabilidade de que suas
letras calcadas em imagens e ressonâncias coloquiais, todas elas de grande
impacto e um estilo de cantar com um mini-breque a la Mário Reis.
Acima de tudo, pois, prevalece a voz da Bahia, na poesia
popular de Antonio Carlos e Jocafi herdeiros de Caymmi.